Autora: Estella Porcel
Redatora e Conteudista

Durante a pandemia de Coronavírus, as marcas precisaram buscar alternativas para aquecer o comércio em datas comemorativas. 

Com o isolamento social, muitas lojas físicas tiveram que baixar as portas temporariamente, sem previsão exata de quando tudo isso vai acabar. 

E como essas e outras marcas estão fazendo para que datas importantes como o Dia das Mães, Dia dos Namorados e até o Natal não passem em branco em meio à quarentena? Leia nosso artigo até o fim e confira! 

Páscoa: solidariedade que foi além de uma mudança de logo

Enquanto algumas marcas, como Mercado Livre e McDonald’s (que depois voltou atrás) 

decidiram adaptar seus logotipos para conscientizar sobre o distanciamento social com foco na mudança de comportamento do consumidor, outras foram além e praticaram ações de solidariedade sazonal. 

Na Páscoa 2020, a Cacau Show doou R$ 1,4 milhões em chocolates para hospitais, postos de saúde e hemocentros, e 300 mil ovos de Páscoa a instituições de caridade, escolas e empresas de serviços essenciais (como limpeza, manutenção e segurança) distribuídas por todo o Brasil. 

De acordo com Alê Costa, presidente e fundador da empresa, o objetivo era agradecer a dedicação de quem está na linha de frente neste momento tão crítico e levar um pouco de amor em forma de chocolate para quem está com problemas de saúde, durante o período de quarentena. 

Seguindo o mesmo conceito, a Outback doou 7,6 mil ovos de Páscoa para pequenos negócios, como mercadinhos, padarias e empórios, da Grande São Paulo revenderem. O objetivo era dar uma força para até 200 lojas superarem a crise do Coronavírus e também escoar a produção, já que a venda de chocolates caiu muito nesta Páscoa. 

E como foi o Dia das Mães na quarentena? 

O Dia das Mães é a terceira data mais lucrativa do ano para os e-commerces no Brasil, ficando atrás apenas do Natal e da Black Friday (que um dia já foi chamada de Black Fraude, mas, aos poucos, foi ganhando o respeito e a credibilidade do consumidor brasileiro). 

Só em 2019, o e-commerce faturou R$ 2,2 bilhões no Dia das Mães, 5% a mais se comparado ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Ebit. 

Enquanto alguns comerciantes avaliavam adiar o Dia das Mães para julho, outros já estavam se preparando para o alto número de pedidos em seus e-commerces, que bombou nessa época, visto que as lojas físicas ainda permaneciam fechadas. 

Segundo uma pesquisa da BEUP para análise e insights da Globo 2020, o isolamento tornou a data ainda mais importante e valiosa para a maioria das pessoas, e esse sentimento quase sempre pode ser traduzido em vendas. Dos entrevistados, 69% disseram que iriam comemorar a data e, nesse público, 85% iriam presentear a mãe “a distância”, enviando um presente ou uma mera lembrancinha pelo Correio. 

Enquanto a maioria das marcas fortaleciam seus e-commerces, outras criavam ações pensando em maneiras de diminuir o sofrimento causado pelo isolamento. Um exemplo disso é o Shopping do Vale, no Rio Grande do Sul, que promoveu uma ação virtual para o Dia das Mães, com o objetivo de incentivar a solidariedade e a conexão entre as pessoas, mesmo a distância.  

A mecânica da ação consiste em as mulheres enviarem vídeos, depoimentos e fotos que mostrem o lado emocional de ser mãe, respondendo a pergunta: o que você quer neste Dia das Mães? As mães enviaram seus materiais por um número de WhatsApp ou acessando o site da campanha: www.maesdobrasil.com.br. Se algum pedido estiver ao alcance de quem assistir ao vídeo, o espectador poderá ajudar a realizar o desejo daquela mãe. 

Se antecipando à data, a gigante dos calçados Arezzo criou uma linda campanha em homenagem ao Dia das Mães, 100% digital e feita a partir de câmeras de celular. A marca convidou diferentes mulheres e clientes para construírem a campanha juntas, enviando vídeos caseiros, gravados em casa e expressando naturalidade nesses momentos do cotidiano materno. Assista ao vídeo aqui:  

Por outro lado, com a prorrogação da quarentena em algumas cidades, mesmo com algumas lojas abertas no começo de maio, as gigantes de varejo não previam aumento em tráfego ou vendas em relação a maio de 2019, e sim queda. 

Isso deve ter um impacto considerável, principalmente nos setores de moda e de eletrônicos, como celulares (que são os produtos com maior demanda no Dia das Mães). 

Flávio Rocha, da família fundadora da Guararapes, dona da Riachuelo, levantou essa questão em videoconferência realizada no começo do mês de abril, promovida pela consultoria GS&MD. Segundo ele, “teremos um problema grande para a venda deste inverno”. 

Fazer o bem, sem olhar a… data

Seguindo a onda solidária, mas sem nenhuma sazonalidade, a OLX criou a campanha #QuarentenaDoBem para incentivar doações em sua plataforma. Com mais de 7 milhões de visitas diárias, a plataforma abriu um espaço para a doação de itens de higiene, limpeza e outros, e os usuários podem adicionar a hashtag da campanha no título do anúncio. 

Será que até o Natal a pandemia passa?

O Natal é de longe a principal data para o comércio brasileiro, ficando em primeiro lugar entre as datas mais importantes para o e-commerce. 

A data, que agrada a gregos e troianos, movimenta todos os setores – desde vestuário a brinquedos, até perfumes, cosméticos, eletrônicos e alimentos (afinal, não tem como ficar sem a farta ceia e o delicioso chocotone #TeamChocotone). 

E a dúvida é: será que até o Natal a pandemia já terá passado e poderemos nos reunir com a família e os amigos na mesma mesa para a ceia? 

Por ora, não temos a resposta para essa pergunta. Mas uma coisa é certa: as marcas precisam se antecipar para lidar com as datas comemorativas de uma forma diferente esse ano. 

A dica da Canopus para as marcas é: já comecem a planejar as ações para datas comemorativas como Dia dos Namorados, Dia dos Pais e, principalmente, para o Natal. 

E como fazer isso? O primeiro passo é antecipar o planejamento da demanda. O que antes era calculado com um ou dois meses de antecedência agora deve ser antecipado em três, quatro, cinco e até seis meses. Desta forma, é possível contatar os fornecedores para que eles também antecipem a produção e a entrega de produtos, serviços e matérias-primas, por exemplo. 

Outra questão que deve ser planejada com muito cuidado nessa época: a logística, seja para o armazenamento dessas matérias-primas ou para a entrega dos produtos às revendas e ao cliente final. Tudo deve ser antecipadamente planejado para suprir a alta demanda. 

E, por fim, lembre-se de adaptar o seu marketing para esse novo momento de “confinamento”, afinal, esse ano o Natal não será como o que nós conhecíamos antes. Provavelmente não teremos comerciais da Coca-Cola exaltando que “o Natal tem um sabor especial quando estamos juntos”. Este ano, as marcas terão o desafio de repensar seu conceito de união nesta data comemorativa, mas sem nunca perderem seu lado emocional.