Tínhamos uma reunião às 9h, e tudo o que sabia sobre aquele novo cliente era que gostava de ser pontual e que começava a trabalhar cedo. Sabia também que era criativo e um bom vendedor, e que como ele, nós deveríamos neste encontro aprender a encantar seus clientes.

Chegaram. Meu novo cliente e sua parceira de negócio, seu braço comercial na empresa. Nas mãos, uma caixa branca, grande, pesada, carregada pela alça. Sentamos à mesa, a caixa ali, sobre ela, à minha direita.

Para iniciar a conversa, falamos sobre o trânsito, a localização da agência, o tempo, outras frivolidades. E a caixa ali. Eu não tinha mais assunto pra inventar, queria saber da caixa. Perguntei. Ele respondeu.

“A caixa? Ah, isso aqui é o que nós vendemos. Você quer ver?”. E então eles a abriram e me mostraram uma maquete maravilhosa, um pedaço da empresa, que estava ali dentro e que nos encantaria com seu discurso pelas próximas duas horas. E ficamos encantados.

Seria sim mais simples chegar, abrir uma apresentação em Power Point mostrar como tudo funcionava? Seria. Mas não me deixariam curiosa e nem me encantariam como fizeram com a caixa em todo o seu trajeto.

Ok.

Quando tinha uns 11 anos de idade, fiquei sabendo que o Tom Zé viria fazer um show aqui na cidade (naquela época eu já era muito fã dele e de sua história). Quis ir vê-lo. E, mais que isso, queria que ele ficasse também com algum marca minha, assim como eu sabia que ficaria ao sair da sua apresentação. Falei com a minha mãe “o que eu posso fazer pra chamar a atenção desse cara?”. Ela me disse, “vou bolar um plano”. Poucas horas depois, ela apareceu com uma caixinha de papel pequenininha, toda dourada e brilhante. Dentro dela, colocamos um bilhete escrito à mão: “Tom Zé, sou sua grande fã. Conte comigo se quiser divulgar seu trabalho na minha cidade. Meu telefone é xxx.xxxx”. Era alguma coisa assim.

Uma semana depois, o telefone tocou. Minha mãe atendeu. Se assustou, achou que fosse trote. Tom Zé estava do outro lado da linha, se apresentando: “Oi, minha senhora. Eu sou o Tom Zé, e gostaria de falar com a Marina. Ela está?”.

Eu quis usar estes exemplos para provocar um pensamento. Como, dentre tanta informação, imagens, sons, vídeos, memes e notícias a sua marca pode se diferenciar no mercado? Se antes fazer mais do mesmo já era um risco, imagine agora, com tanta informação a mais.

Informação que está em todos os lugares, em todos os veículos; informação que prepara o consumidor a questionar sua marca, a te conhecer melhor, a saber se você é o que vende ou só parece ser. Informação que pode transformar seu cliente no embaixador da sua marca ou naquele que vai ajudar a destruir a sua reputação.

Como, dentre milhões de informações diárias sua marca conseguirá ser lembrada pelo expectador ao fim do dia, a ponto de ser compartilhada exaustivamente, comentada, celebrada pelas pessoas?

Não tenha medo de ser diferente. Ouse, e pense: que conteúdo terá a sua caixa, e como você a utilizará para aguçar a curiosidade das pessoas?

Marina Fujii é Executiva de Contas da Canopus desde outubro de 2016.